Escrituristicamente falando, a verdade tem sempre dois lados. Um lado é: ”está escrito”; o outro é: “também está escrito”. A verdade é como um pássaro: precisa sempre de duas asas para voar com equilíbrio. Isso pode ser visto claramente na ocasião da tentação de Jesus no deserto. Quando Satanás dizia: “Está escrito”; Jesus, por sua vez, afirmava: “também está escrito”.

Sendo assim, e você tiver que orar dizendo “Eu sou fraco”, o que é apenas uma asa da verdade, deve utilizar-se da outra asa da verdade, e dizer também: “Quando estou fraco, então, sou forte”. Se disser na sua oração: “Eu não posso”, deve também dizer: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece”. Se na sua oração você disse: “Eu não sou nada” deverá sem dúvida acrescentar: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou...” E assim por diante. A maneira como alguém vê a vida determina sua reação na história, em relação a si mesmo, em relação aos outros e também ao próprio mundo. O nosso “brilho” ou sucesso como pessoa, segundo Jesus, tem a ver com a nossa maneira de olhar a vida. Jesus foi extremamente claro quanto a essa situação, quando disse: “A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo o seu corpo terá luz. Se, porém, os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!”

O que Jesus está ensinando aqui? Ele está dizendo em suma, o seguinte: veja o melhor de si mesmo, das pessoas e do mundo ao seu redor. Não se detenha em olhar o que é mau, não se detenha nas deformidades, nas animalidades do caráter humano, não se atenha a ver o lado ruim de si mesmo, das pessoas e do mundo diante de si.

Ele está falando, sobretudo, da nossa maneira de enxergarmos a vida. Quando alguém só enxerga o lado mau de si, das pessoas, e do mundo ao seu redor, esse comportamento gera “trevas” profunda na sua vida. Quando você olha o melhor de si mesmo e potencializa isso em ações concretas na vida, essa é a força que o fará brilhar como pessoa (“todo o teu corpo terá luz”). Da mesma forma, quando você olha o que há de melhor nas pessoas, não se detendo em enxergar os seus defeitos, e a partir desses pressupostos embasa as suas relações sociais, então o resultado imediato é seu brilho diante de todos. Você planta “olhar as pessoas com bons olhos”, e colhe “ser olhado com bons olhos”.

A atitude de olhar o que há de pior em si mesmo e nas pessoas ao redor não tem inspiração em Deus, mas na nossa humanidade decaída. Satanás também é mestre nessa arte. Observe o que Jesus disse a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo. Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça”. Analisemos, portanto, o que significa “cirandar [peneirar] como o trigo”. Quando se trata o trigo na peneira (ou ciranda), a parte boa cai, e as sujidades, tudo o mais que não presta, ficam retidas na tela da peneira. O que Satanás queria com “cirandar” era mostrar ao mundo o que havia de pior nos discípulos, as deformidades do caráter deles. Jesus sabia que o resultado imediato da arte de “peneirar” poderia ser a perda da fé, e por isso rogou por Pedro. Isso explica por que não poucas pessoas têm sucumbido na fé como resultado dessa atitude perniciosa. “Peneirar”, nas nossas relações sociais, tem esse mesmo sentido, pode dar os mesmos resultados, e por isso deve ser sistematicamente evitado.

Devemos nos olhar na mesma posição na qual Deus nos colocou em Cristo. Assim devemos também proceder para com os nossos irmãos na fé. Precisamos nos ver como Deus nos vê, e vê-los também como Deus os vê. Se quisermos “brilhar” na vida, temos primeiramente que nos enxergar na posição espiritual que temos em Cristo, e assim também os outros, porque em assumirmos essa posição está o embasamento que nos tornará relevantes na vida, mas ao mesmo tempo humildes para darmos a Deus toda a glória.

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